Ouvir os dois lados para resolver um problema com certeza é o melhor caminho em qualquer situação. Mais certo ainda que ouvir as dores de quem as sente facilita na elaboração de um plano que solucione cada pequena parte de um todo. Essa é uma das preocupações de quem desenvolve programas de treinamento que compreende e coloca as pessoas como centro do processo. Humanizando transformamos dores em experiências e aprendemos com elas. Mas você sabia que além desse processo de escuta, o nosso cérebro reage melhor às sensações de controle? Ou seja, quando participamos das decisões, nos sentimos mais seguros e confortáveis.
No livro “A mente influente – O que o cérebro revela sobre nosso poder de mudar os outros”, escrito pela professora de neurociência cognitiva Tali Sharot, estão vários exemplos de como funcionamos a partir da ideia de controle e do quão perturbadora é a sensação de perda deste comando. “Quando você entra em um avião, transfere seu destino, pelo menos pelas horas seguintes, ao piloto e à tripulação. Não pode controlar a rota nem a velocidade do avião. Não pode sair da aeronave como bem quiser, se ficar cansado do choro das crianças ou das cotoveladas de seu vizinho de poltrona”. Este é um dos fatores que colocam o medo de voar na lista dos 10 maiores sentido pelas pessoas.
O que ela quer dizer, descrevendo várias situações testadas ao longo dos anos, é que, ironicamente, para influenciar ações, é necessário oferecer um senso de controle às pessoas. “Elimine o senso de instrumentalidade e você terá raiva, frustração e resistência. Aumente o senso de influência das pessoas sobre seu mundo e você aumentará a motivação e a observância”, afirma a autora.
Pensando nisso, ao criar soluções em conjunto vamos além do processo básico de ouvir um problema e propor uma solução. Desenvolver a criatividade, ter modelos inspiradores e a experiência individual obviamente contam para melhores resultados, mas a “cocriação”, em que todas as partes se envolvem, seja em programas de treinamento, capacitação ou criação de soluções em geral se mostra uma forma mais eficaz e comprovadamente mais satisfatória.
Uma boa sacada das companhias aéreas surgiu exatamente pensando nisso. Já reparou naquela tela em frente às poltronas que mostra o trajeto percorrido, o tempo previsto de chegada, a direção, altura, velocidade e destino? Ou o aviso do piloto quando vai precisar arremeter? Tudo isso são formas de colocar o passageiro em perspectiva com o comandante. Torná-lo parte do que está acontecendo.
No seu trabalho, existem etapas de Feedback e ajustes do processo quando eles ainda estão acontecendo? É possível mudar a rota e adequar necessidades ao longo do caminho? Quais dificuldades vocês encontram nessa prática?
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