Liderança feminina e equidade – o papel da individualidade no sucesso do todo
Você e eu já sabemos que a diversidade faz bem para os negócios. Apesar disso, é desafiador promover essa diversidade e garantir que todos os profissionais tenham os mesmos recursos e oportunidades para desenvolver o melhor trabalho possível.
Pesquisas mostram que no ritmo atual, levaríamos mais 151 anos para fechar a lacuna global de gênero em todos os níveis das empresas. Esse gap possui múltiplas causas e se expressa de diversas formas.
Dados do IBGE mostram que, em 2019, as mulheres dedicavam, em média, 21,4 horas semanais aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, quase o dobro da média dos homens, que foi de 11 horas semanais.
Além disso, chama a atenção o número de trabalhadoras com empregos parciais, cuja jornada semanal não ultrapassa 30 horas. Em 2019, quase um terço das mulheres (29,6%) empregadas no mercado de trabalho tinham jornada parcial, quase o dobro dos homens (15,6%) empregados.
E quando olhamos especificamente para profissionais com filhos, as discrepâncias de gênero são ainda mais intensas.
Por exemplo: a taxa de ocupação entre as mulheres com filhos de até 3 anos de idade é cerca de 13% menor do que a de mulheres sem filhos nessa faixa etária. Por outro lado, entre os homens, a situação foi oposta. A taxa de ocupação é maior entre os que têm filhos pequenos (89,2%) do que entre aqueles que não têm filhos (83,4%).
Além disso, uma pesquisa da FGV mostra que cerca de 51% das profissionais brasileiras perdem seus empregos 12 meses após o início da licença-maternidade.
É pensando nisso que propomos lançar um novo olhar sobre o tema e pensar novas abordagens para desenvolver lideranças femininas e a equidade de gênero nas empresas.
Que tal olhar para a individualidade das profissionais como uma forma de promover o desenvolvimento do todo?
Por que a individualidade é importante para a equidade?
Para o autor Mihaly Csikszentmihalyi, as organizações precisam de metas positivas para engajar seus colaboradores em um objetivo comum: o desenvolvimento da empresa. Mas essas metas da organização precisam refletir, na medida do possível, as metas de cada profissional.
“Uma organização deve tanto ser diferenciada como integrada. A diferenciação significa que cada pessoa é encorajada a desenvolver suas características únicas, maximizar as habilidades pessoais e estabelecer metas individuais. A integração, por outro lado, garante que o que acontece com uma pessoa afetará todas as outras.”
A passagem está no livro “Flow: A psicologia do alto desempenho e da felicidade”. E essa visão nos ajuda a aprofundar a discussão sobre liderança feminina e equidade.
Afinal, equidade é a distribuição justa de recursos e oportunidades, de modo que todos os colaboradores possam alcançar seu potencial máximo. Conhecer as individualidades das profissionais (suas necessidades, desafios, potências e objetivos pessoais) é essencial para garantir que elas tenham as mesmas condições e oportunidades para desempenhar suas funções.
Mas como aplicar a diferenciação e a integração para promover a equidade de gênero? O primeiro passo é conhecer os objetivos de sua liderança feminina.
Individualidade, liderança feminina e equidade
Em uma organização integrada, as metas de cada um importam para todos. E o RH pode ser a ponte para equilibrar metas individuais e de negócio e, com isso, otimizar a performance da empresa.
Mihaly nos oferece algumas abordagens possíveis para criar essa ponte.
Comunicação
Uma comunicação aberta e transparente é essencial para que os colaboradores conheçam os objetivos da empresa. Ao mesmo tempo, o RH precisa se manter próximo aos colaboradores para conhecer suas metas individuais e equilibrá-las da melhor forma possível com as metas do negócio.
Ou seja, é importante construir e cultivar uma cultura de segurança, respeito e empatia. Só assim os colaboradores, incluindo as lideranças femininas, podem se sentir à vontade para utilizar os canais de comunicação disponíveis.
Feedbacks
O feedback pode ser muito mais do que uma forma de avaliar o desempenho dos profissionais. É importante que os próprios colaboradores se apropriem dessa ferramenta para demonstrar às empresas quais são suas necessidades e objetivos e também o que, no todo, pode ser desenvolvido para favorecer sua atuação.
Equilíbrio entre desafios e habilidades
Para Mihaly, o equilíbrio entre desafios (tarefas) e habilidades é essencial para o bem-estar dos profissionais, o sucesso das empresas e a construção de equidade. É esse equilíbrio que possibilita os momentos flow, momentos de alegria, satisfação e realização.
Olhando mais atentamente para o conceito, fica fácil identificar as semelhanças com a definição de equidade. Tanto para viver mais momentos flow quanto para alcançar a equidade de gênero nas empresas, é preciso conhecer a individualidade das profissionais e distribuir os desafios e as ferramentas disponíveis de maneira justa.
Conclusão? Esse é só o começo…
Seria impossível dar conta do tema em um artigo de blog. Além disso, a discussão fica muito mais rica quando feita em conjunto. Por isso, vamos continuar esse papo no evento RH em Flow! O tema do encontro, que acontece no dia 19/04, é “Você conhece os objetivos de sua liderança feminina?”
Convidamos a Juliana Eugênia (Sankhya), a Priscila Serpa (Diretora de Gente e Cultura na Quod) e a Heloisa Falarini (HR Manager na Pirelli) para contarem sobre seus desafios e soluções internas, com mediação de Ester Luchini Cunha e sua experiência pessoal latente, recém-chegada da licença maternidade e assumindo uma nova posição na Flow Group Brasil, e ainda a presença do CEO Márcio Cassin, que também se divide nos cuidados com as duas filhas e o comando da empresa.
Para saber mais, é só clicar aqui!