Márcio Cassin – “Cassin, você deveria virar consultor, sabia? Você sempre questiona nossa cultura, quer buscar uma razão lógica para os projetos e às vezes tenta nos ensinar a fazer o nosso trabalho como executivos”.
O ano era 2010, eu tinha 30 anos, estava como gerente de Gente e Gestão de uma grande empresa e liderando um projeto super estratégico que estava dando todos os sinais que daria errado (deu bem ruim mesmo e depois conseguimos consertar). Esta conversa se deu em um feedback que recebi e que na época não entendi muito bem e confesso que levei para um lado negativo. Saí da sala com a cabeça quente e a ficha só caiu anos depois.
Eu nunca escondi meu desejo de ter um dia minha consultoria, mas o paradigma do administrador de empresas do interior e que cresceu vendo grandes consultores do mercado com histórias de sucesso no mundo corporativo ou mesmo somente na carreira de consultoria, colocava um olhar para um futuro muito distante. Na minha cabeça, ainda com fartos cabelos pretos, para ser consultor, tinha que ter muito “cabelo branco” (que hoje realmente tenho)!
O fato é que em 2011 resolvi colocar um plano real no papel. Saí dessa empresa e fui buscar uma organização onde eu pudesse construir uma carreira mais sólida em desenvolvimento organizacional e humano, aprender com grandes projetos globais, ter contato com as melhores consultorias, morar fora, etc…e assim foi! Foram 5 anos onde eu suguei o máximo possível de uma cultura fortíssima de desenvolvimento e mergulhei no aprendizado das nuances do “jogo corporativo” de uma empresa global. Me certifiquei em várias ferramentas, participei de projetos globais na Europa, Américas e África, tive imersão em Cultura Organizacional com a Carolyn Taylor da Walk the Talk, me tornei Master Coach em Action Learning pela ALA (Action Learning Associates) que tenho o prazer de representar aqui no Brasil hoje e finalmente conheci a Flow em um projeto de liderança global em Portugal e acabei trazendo para o Brasil ainda como cliente.
Poxa, se tudo foi “planejado” é certo que a transição para consultoria foi tranquila e um passo natural correto? Claro que não. Em 2017, depois de uma expatriação meio atrapalhada, resolvi colocar o plano de pé. Com muito, muito, mas muito medo. A primeira questão a lidar foi a síndrome do impostor. “Como assim Márcio, quem é você para sentar na frente de um CEO e ajudá-lo com sua carreira”, “como você vai ajudar a transformar a Cultura de uma empresa sem estar lá dentro”, “como você vai mensurar se consegue gerar impacto”, etc, etc…estes foram alguns dos sentimentos que tive no início e que às vezes ainda batem na minha porta me trazendo frio na barriga.
Lembro da minha primeira apresentação com um CEO de uma grande empresa. Eu estava todo arrumadinho (era meu paradigma de consultor), com meu MacBook recém comprado e ele lança logo de primeira: “porque todo mundo que vira consultor logo compra um Mac e vem cheio de apresentações mirabolantes?”…minha barriga gelou na hora. Não foi fácil mas tirei o blazer, respirei fundo, dobrei a manga da camisa e comecei a contar a minha história. Não esqueço até hoje de como me senti…a reunião foi horrível mas acabou sendo meu primeiro cliente.
Depois de 5 anos tenho muito mais momentos de Flow neste papel e sinto que contribuo de verdade no impacto do desenvolvimento humano e organizacional através dos meus clientes. Consegui montar um time muito f…que me desafia todos os dias e que supre também as habilidades que não tenho, aprendo semanalmente com meus sócios Pedro e Antonio e com a rede Global da Flow e me alimento de insights e aprendizados principalmente dos clientes. CEOs, Diretoras de RH, Analistas, Estagiarias, Trainees, Líderes, etc…todo mundo me ensina dia a dia. Vou carregando estes aprendizados, erros e acertos na minha formação tanto como CEO da Flow aqui no Brasil quanto no meu papel de consultor.
O frio na barriga ainda aparece muitas vezes mas se não tiver desafios, também não temos momentos de flow!
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