Programas de talentos: expectativa x realidade

O que é um programa de talentos? Um lugar onde jovens somarão características próprias, frescas e com grande estímulo para colocar em prática, à formação criada pelas empresas para desenvolver pessoas que chegarão à liderança prontas para os desafios da carreira. Certo? Sim, é o que prevê a maioria dos programas hoje em dia. Mas será que estamos em sintonia? Jovens e empresas?

Muitas vezes o que vemos acontecer são expectativas bem distantes da realidade. O time de Recursos Humanos procura jovens inovadores, protagonistas, que querem se desenvolver de forma acelerada e com o intuito de virar líderes assim que acabarem o programa. Eles trazem então ótimas ideias, criam planos para os próximos anos e em todo o processo conseguem desenhar um futuro para a empresa que acontecerá dali cinco, sete, dez anos. Ao ponto que o RH também almeja isso, contratam perfis em 2020 para o que eles almejam para 2025, 2030.

Acontece que a empresa ainda não é a do futuro. E qualquer mudança leva tempo e planejamento estrutural. Não basta uma pessoa inovadora, é necessária uma construção que passa pela cultura da empresa, pelo desenvolvimento do quadro todo de colaboradores e vivências para cada processo.

De forma prática, o jovem que era para ser treinado, passa por um processo seletivo que suscita o melhor que ele pode dar, e ele chega à empresa estimulado a colocar em prática tudo que descobriu como diferenciais e potências próprias. Mas acaba não conseguindo porque a realidade atual ainda precisa ser vivida. Ele precisa se adequar, entender o dia a dia de determinado setor a que foi alocado, tocar projetos, aprender, aprender e aprender. Porque, de fato, ele é um “trainee”, está em treinamento e não pronto para executar o que imaginou que faria.

Então qual seria o programa ideal? Esta é a pergunta! Talvez aquele que coloque trainee e diretores lado a lado. A experiência é passada e os questionamentos novos ouvidos. O jovem se adapta à realidade da empresa e a empresa acolhe as propostas dos jovens. Ele acha um lugar seguro para promover a mudança no tempo possível. Qualquer novo colaborador, estagiários ou trainees, não devem ser meros espectadores. Eles devem ser incorporados ao todo.