Saúde mental, burnout e a importância de ambientes Flow

admin
11 outubro 2022
equipe de jovens profissionais em ambiente de trabalho Flow

Estamos chegando ao fim de 2022 e alguns temas seguem acompanhando a vida e os pensamentos de profissionais e empresas dos mais diversos setores: saúde mental, burnout e como criar ambientes corporativos mais saudáveis e estáveis. Como avançar a discussão e aplicar aprendizados para vencer esses desafios?  

2022 fica marcado como o ano em que a saúde mental dos profissionais foi fortemente afetada e muito analisada. Logo em janeiro, o burnout foi incorporado à lista de doenças ocupacionais reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS); e em setembro, uma pesquisa do mesmo órgão mostra que cerca de 15% dos trabalhadores adultos vivem com um transtorno mental. 

O que nos levou a esse momento? 

Neste texto, vamos dialogar sobre as cinco principais causas do burnout partindo de um estudo da Gallup. E logo de cara, vale ressaltar: o agravamento das síndromes ocupacionais (aquelas relacionadas ao trabalho) tem menos a ver com a carga horária, e mais com a qualidade do ambiente e cultura organizacional que cada empresa possibilita.

 

O QUE É BURNOUT: CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS

Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico causado por condições de trabalho desgastantes, sejam elas físicas, emocionais e/ou psicológicas. Ele é sentido como um profundo esgotamento e um estado de stress e tensão emocional crônicos. 

 

O BURNOUT É PROBLEMA DA EMPRESA OU DO COLABORADOR?

Este é um ponto que gera divergências nas discussões em redes sociais, mas que possui uma resposta bastante objetiva e consolidada. A síndrome de burnout não é causada por uma limitação pessoal do colaborador. Ela é responsabilidade da empresa e resultado dos múltiplos fatores que formam sua cultura.  

Aliás, a inclusão da síndrome na lista da OMS (movimento feito também por organizações internacionais de saúde), oficializa esse ponto, pois torna a síndrome uma questão de saúde pública, e não individual.

 

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS DO BURNOUT?

Diferente da visão muito comum entre empresas e colaboradores, a carga de trabalho não é o único fator que leva ao burnout – e, portanto, não é o único elemento que precisa ser analisado e alterado para criar ambientes e relações de trabalho mais saudáveis.

Um estudo recente da Gallup constatou que a carga horária influencia, sim, a saúde mental dos colaboradores, mas como as pessoas experienciam suas cargas de trabalho têm uma influência mais forte na ocorrência do burnout do que as horas trabalhadas. 

Mas quais são esses fatores que determinam a qualidade de vida dos profissionais e, por consequência, a saúde das próprias empresas? Em outras palavras, quais são as principais características que propiciam o burnout?

CARACTERÍSTICAS QUE LEVAM AO BURNOUT

  • Falta de comunicação
    Quando os líderes não transmitem com clareza quais são as funções, o escopo e os objetivos de cada colaborador, ou não disponibilizam as informações necessárias para que o trabalho seja executado, os profissionais acabam menos produtivos e frustrados por não conseguirem direcionar suas habilidades e gerar resultados. 
  • Tratamento injusto no trabalho
    Esse tratamento injusto pode se expressar de diversas formas, como favoritismos, vieses de tratamento e influência de preconceitos pessoais no tratamento com colegas. 

    Quando colaboradores se sentem constantemente tratados de forma injusta, eles têm 2,3 mais chances de viver altos níveis de burnout

  • Ausência de suporte das lideranças
    Na sua empresa, a sensação geral é de que os líderes são parceiros ou adversários de suas próprias equipes?

    Quando a relação entre liderança e equipe é apenas de cobrança, os colaboradores não se sentem respaldados pela empresa, o que gera uma sensação constante de insegurança e pode levar ao burnout.  
  • Carga de trabalho impossível de gerenciar
    Os colaboradores podem se sentir sufocados e frustrados quando a carga de trabalho é constantemente tão alta que não conseguem organizar e cumprir as demandas.

    Nesses casos, muitas empresas estimulam o colaborador a estender suas horas de trabalho. No entanto, isso gera mais problemas que soluções. lém da frustração por não cumprir com as expectativas, o desgaste físico e psicológico do colaborador acaba intensificado. 
  • Pressão e prazos insustentáveis
    Prazos radicais e pouco realistas geram uma bola de neve que prejudica a todos: colaborador, empresa e clientes.

    Afinal, quando um prazo é perdido, uma série de outras demandas é prejudicada. Com isso, a tendência é que a dificuldade de cumprir com as expectativas gere frustração e queda no desempenho, mesmo que ele estenda suas horas de trabalho para correr atrás dos prazos abusivos.

 

AMBIENTES FLOW: COMO CRIAR UMA CULTURA ORGANIZACIONAL CONTRA O BURNOUT

Ambientes Flow são o oposto de ambientes tóxicos de trabalho, que possuem as características listadas acima.

Flow é um termo criado pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi para descrever uma experiência ideal, um momento em que o desafio é tão grande quanto a habilidade de completá-lo.  

Uma cultura empresarial que possibilita mais momentos Flow é uma cultura que respeita os colaboradores e evita tanto o burnout como todas as síndromes ocupacionais.

Essa cultura deve ser construída sobre alguns pilares:

  • Desenvolver as habilidades emocionais e interpessoais dos líderes;
  • Investir em treinamentos que abraçam o todo, mas focam no desenvolvimento a partir das particularidades da empresa e dos indivíduos;
  • Estimular uma cultura de transparência entre líderes e equipe, para que todos tenham as mesmas informações e ferramentas para cumprir seus objetivos;
  • Estipular prazos mínimos a partir de experiências e condições reais da equipe;
  • Ouvir os colaboradores sobre os maiores desafios do trabalho e atuar para solucioná-los.

 

Conclusão: o que ambientes Flow têm a ver com saúde mental no trabalho

O volume de demandas sempre irá influenciar, em alguma medida, a qualidade do trabalho e a qualidade de vida de cada indivíduo. Mas para além da carga de trabalho, é possível criar culturas e ambientes corporativos que possibilitem o bem-estar dos colaboradores e, consequentemente, resultados sustentáveis para as empresas.

O princípio mais fundamental da metodologia Flow é justamente construir esses ambientes em que os desafios são proporcionais às condições de solucioná-los. Neles, as atividades diárias e os negócios fluem de maneira mais leve e assertiva a caminho dos resultados!

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